Durante a década de 2000, mais de 43 mil mulheres foram
assassinadas no país, 41% delas mortas em ambiente doméstico, muitas pelos
próprios companheiros ou ex-parceiros, em quem depositavam ou haviam depositado
confiança e amor. São 12 mulheres mortas todos os dias, 5 delas dentro de suas
próprias casas.
O índice de assassinatos de mulheres no Brasil passou de
2,3 mortes por 100 mil mulheres, em 1980, para 4,6 por 100 mil, em 2010. Em
muitos casos as mulheres foram mortas pelo simples fato de serem mulheres,
agredidas pelos companheiros, violentadas sexualmente, desfiguradas, torturadas
– são os chamados feminicídios, a forma extrema de violência contra as
mulheres.
A tradução desses números em casos concretos é ainda mais
chocante. Na última semana, dois casos, separados por uma década, mas ligados
pela violência, ganharam destaque. Em 2003, o cirurgião Farah Jorge Farah
assassinou e esquartejou Maria do Carmo Alves, paciente com quem havia se
relacionado. Dez anos depois, infindáveis recursos e um julgamento anulado,
acaba de prescrever o crime de ocultação de cadáver e Farah aguarda o segundo
julgamento em liberdade. Em 2013, em Brasília, Carla Ferreira Mendes acaba de
ter as duas mão reimplantadas, após ter sido atacada a golpes de facão pelo
companheiro, Francisco Casimiro dos Santos. Recordaremos essa tragédia daqui a
dez anos como mais um caso de impunidade?
Texto retirado: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/
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